Gastando a dor...
A dor existe pra gente gastá-la. Ela tem um ciclo a cumprir. A dor exige que se beba tudo até o fundo da xícara. O sabor azedo faz parte da cura. O gosto que ela deixa na boca é a lembrança da lição. Para beber a dor, é preciso pequenos goles de tolerância. A dor precisa ser consumida por todos os sentidos. Ela tem prazo e validade, que pode ser longo ou curto. Mas não é vc quem o define. Na verdade ninguém tem o poder de mudar seu tempo. Ela já vem com data de vencimento marcada.
Uma semana pra uma chance perdida.
Um ano pra um amor perdido.
Uma vida para um filho perdido.
Quando a gente gasta a dor, não guarda angústias em álbuns de fotos, não acumula suas torturas pra se machucar outra vez, não estoca sua loucura pra viver o passado, não coleciona sua culpa pra depois carregá-la nas costas. É fácil saber se a dor foi gasta até o final. Não é preciso mais se esforçar pra sorrir. A solidão já não parece ser a melhor compania. É hora de se despedir do luto, colocar a alegria pra pegar um sol. Limpar as vidraças dos sonhos, vestir esperanças recém lavadas e ter a certeza de que não sobrou uma só lágrima para derramar!
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