O salto


A gente não tem como saber se vai dar certo.Talvez lá adiante, haja uma mesa num restaurante, onde vc mexerá o suco com o canudo, enquanto eu quebro uns palitos sobre o prato pequenas atividades as quais nos dedicaremos, adiando o momento de dizer o que deve ser dito. Talvez lá adiante: mas entre o silêncio que pode estar nos esperando então e o presente, eu acabei de sair da sua casa , seu perfume ainda está na minha roupa e meu cheiro no seu travesseiro. Quem sabe não seremos felizes?
Entre a concretude do beijo de dias atrás e a premonição do canudo girando no copo pode caber uma vida inteira. Ou duas.
Passos improvisados de dança na sala da sua casa, risadas e cumplicidade. Um churrasco cheio de amigos, celebrando alguma coisa que não sabemos direito o que foi, mas que devia ser celebrada. Abraços, móveis quebrados, a primeira visão de sua casa vazia( Meu Deus ele não tem nada!), respirações ofegantes, sushis e batidinhas de licor. Cafunés, você me agarrando nas horas mais inesperadas, banhos de mar, fotos coladas na minha parede de momentos que ficaram eternizados, mãos dadas no cinema, vinho branco, viagem de férias e trilhas desbravadas num dia que pareceria ser monótono.
Então, numa manhã, enquanto passo o café, te verei escovando os dentes e andando pela casa, dessa maneira aplicada e displicente que você tem de escovar os dentes e andar ao mesmo tempo e saberei, com a grandiosa certeza que surge das pequenas descobertas, que sou feliz.
Talvez céus nublados e pancadas esparsas nos esperem mais adiante. Silêncios onde deveria haver palavras, palavras onde poderia haver carinho, batidas de frente, gritos até. Depois faremos as pases. Ou não.
Tudo o que sabemos agora é que eu te quero e você me quer e, temos todo o tempo e espaço diante de nossos narizes para fazer disso o melhor que pudermos. Se tivermos cuidado e sorte( sobretudo sorte), quem sabe de certo? Não é fácil. Tampouco impossível. E se existe esta centelha quase palpável, essa esperança intensa que chamamos de amor, então não há nada mais sensato a fazer do que soltarmos as mãos do trapézio e nos enlaçarmos em pleno ar.
Talvez nos esborrachemos. Talvez saiamos voando. Não temos como saber se vai dar certo. O verdadeiro encontro só se dá ao tirarmos os pés do chão, mas a vida não tem sentido nenhum se não for pra dar o salto!

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